23/01/09

PRECONCEITO VENCIDO visto pelo director da CTB

Este espectáculo é, antes de mais, um exercício de actores, sobre o Romantismo.
Testemunha privilegiada do século das Luzes, Marivaux foi, no teatro, precursor da Revolução Francesa. Defendeu a emancipação da mulher, o direito de voto, o sufrágio universal, visualizou a união livre, a igualdade sexual… mas ao contrário do seu contemporâneo Rousseau, cinquenta anos antes, acreditava que o homem nasce mau, mas que a sociedade o torna pior.
É um pouco isso que se pode tirar de Preconceito Vencido: os interesses sociais e económicos combinam-se com os do coração a tal ponto que, até parece que estão ligados naturalmente. Uma tentativa para a feliz aliança da aristocracia (falida) com a burguesia (endinheirada), na busca do poder político, “organizada” e testemunhada aqui, pela astúcia dos criados. Um caso de amor-próprio. É sobretudo isto que ressalta do teatro de Marivaux: o triunfo do amor sobre o amor-próprio. Mas é também o triunfo da Burguesia, ou mais exactamente do dinheiro. Uma pequena comédia que é prenúncio da Revolução Francesa.

Rui Madeira

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