21/01/13

Propostas da CTB para os próximos anos



Liberdade.  Solidão.  Cidadania.  Viagem.

A atividade da CTB no quadriénio 2013/2016, nas áreas da criação teatral e da formação de públicos, desenvolver-se-á a partir de três conceitos estruturantes:   Liberdade.   Solidão.    Cidadania.

A criação artística centrar-se-á na questão da Liberdade e da Solidão
A formação de públicos manter-se-á, tal como nos dois anos anteriores, sobre o signo da Cidadania, estruturada na continuação do BragaCult - projecto em parceria para a formação de públicos, agora já sem financiamento QREN, mas com renovada importância. 
A circulação nacional e internacional sob o signo da Viagem.

Na criação teatral a escolha dos autores e dos textos, bem como a dramaturgia dos mesmos, assentam na reflexão sobre o indivíduo em sociedade. A Cidade como espaço público asfixiante e a Casa como espaço íntimo de Liberdade. Uma e Outra num itinerário de abandono, de desistência, de perda de dignidade. E a luta quotidiana de cada um para resistir. Com que armas? Eis a questão.

Está na matriz do nosso projeto artístico a preocupação recorrente de temáticas como Liberdade, Morte, Conjugalidade, Solidão e Solidariedade. Os espetáculos da CTB pretendem ser testemunho dos tempos que vivemos, abordemos os clássicos ou os contemporâneos. E estes tempos, de guerra declarada dos governos contra os povos, mais responsabilizam os criadores, na busca, identificação e fixação dos sinais que vamos descortinando. Há hoje uma preocupante e trágica desvalorização da Palavra, seja no plano político, seja no plano ético. Coisificamos e relativizamos tudo e tornamo-nos irresponsáveis por isso. Como a palavra, também o conceito do trágico sofreu, no decorrer dos tempos, modificações, mas nunca nos imaginámos tão perto duma nova ideia de tragédia. Agora mais profunda e dolorosa que interroga cada um e a que, talvez, pela surpresa, já não saibamos responder.


Assim, a alguns espetáculos sobre estas temáticas que vêm dos anos anteriores, como Concerto “à La Carte”, Oresteia Arte do Futuro/Último Acto, juntam-se agora nestes dois próximos anos, de modo mais concreto, Conversa com o Homem Roupeiro, de Ian McEwan; Sabe Deus Pintar o Diabo, de Abel Neves (texto inédito e escrito para a CTB); As Orações de Mansata, de Abdula Silai (uma co-produção no âmbito da Cena Lusófona, entre a AD - Ação para o Desenvolvimento e Centro de Intercâmbio Teatral/Guiné Bissau, CTB, Escola da Noite, Elinga Teatro de Luanda/Angola e Teatro Vila Velha de Salvador da Bahia/Brasil) que integra atores portugueses, brasileiros, guineenses, angolanos e são-tomenses. No Alvo, de Thomas Bernhard; Uma Picasso, de Jeffrey Hatcher; e, Desaparecidos, texto de A. Schipenko a partir de Amérika de Kafka (uma co-produção com o grupo “Ó-Team” de Berlim em parceria com Balhaus Ost de Berlim, Theaterhaus de Jena, Pathos Transport Theatrer de Munique e Theaterhaus de Estugarda). E ainda a criação para a infância, Os Músicos de Bremen, dirigido por José Caldas.


Para o segundo biénio (2015/2016) dentro da imprevisibilidade prevista estão programadas as seguintes criações: A Oratória do Vento, de Vergílio Alberto Vieira; Sumidouro, de Jorge Andrade (uma co-produção CTB/Escola da Noite/Grupo TAPA de São Paulo/Brasil); As Criadas, de Jean Genet (uma co-produção CTB/Elinga Teatro de Luanda/Angola), a partir de um texto original de José Mena Abrantes.

Tudo isto organizado numa espécie de Grande Circo da Vida: Liberdade e Solidão.

Será o nosso contributo de artistas empenhados, na procura de uma sociedade onde a dignidade humana, o respeito pelo Outro e pela diversidade cultural, nos convoque a todos para um outro Tempo e uma nova Cidade.

Considerando os tempos difíceis que estamos a atravessar, a CTB propõe no âmbito das novas criações uma série de espetáculos de média dimensão, com elencos reduzidos, de modo a rentabilizar custos e a potenciar a circulação dos mesmos, quer em território nacional quer no estrangeiro. No entanto, manteremos em cartaz alguns espetáculos de maior dimensão, pela sua importância e interesse dos públicos, como o caso da trilogia Oresteia e Auto da Barca do Inferno e outros que, pela sua natureza e aceitação, continuam a fazer sentido. Valorizamos o facto de conseguirmos manter em cartaz 3/4 das criações de anos anteriores, como exemplo do conceito de Companhia.

Na Viagem (nacional e internacional), valorizando a ideia que perseguimos de usar Braga e o Theatro Circo como Lugar de Encontro entre a Europa e a Lusofonia, contaremos nestes dois anos de trabalho com criadores de Angola, Moçambique, Brasil, Portugal, Rússia e Alemanha. A CTB (e artistas seus) apresentar-se-á em Espanha (Galiza), Angola, São Tomé, Guiné, Brasil, Ucrânia e Alemanha.

O programa que aqui se apresenta assume, na atual conjuntura, dois propósitos essenciais quanto ao projecto da Companhia de Teatro de Braga:

- Manter a preocupação na qualidade artística da criação e na formação dos públicos

- Resistir à crise com atitude, trabalho e ideias de futuro, para uma mais qualificada cidadania

Rui Madeira, diretor
                                                                                                                                                                                          

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