17/01/13
Em breve no Theatro Circo
Conversa com o Homem Roupeiro
Em Conversa com o Homem Roupeiro estamos quase no fim ou no fim mesmo
do caminho. A disponibilidade para a Luta já terminou. A conversa inicia-se depois da batalha perdida e com o personagem
assumidamente derrotado. Exausto. Já não come, não se veste, não paga a renda,
não ousa sair… bate punhetas. É um número. Cabe num qualquer ficheiro, em
qualquer armário. Está disponível para se entregar e ser manipulado. A quem e
por quem? Ao e pelo Estado, claro!
Através dum humor requintadamente
negro, McEwan instala o personagem numa perspectiva paradigmática e perversa. A
máxima responsabilização do Estado no momento exacto em que esse mesmo Estado
se demite das suas funções perante o cidadão. O personagem/cidadão diz: estou
aqui, fiz tudo o que estava humanamente ao meu alcance para ser normal.
Acreditei no vosso discurso. Não funcionou. ok! Eu já não aguento mais. Agora a
responsabilidade é totalmente vossa. Estou consciente e disponível. Matem-me!
Não preciso da vossa liberdade, não me governo com ela, “ na verdade, lembro-me
agora de por vezes ter desejado menos liberdade. A liberdade condicional não me
paga a comida e a renda. Quero ser pequeno, não quero este barulho e estas
pessoas à minha volta. Quero estar longe disso tudo, no escuro”. Esqueçam-se de
mim.
Rui Madeira
A CTB prepara-se para estrear, Conversa com o Homem Roupeiro, de Ian McEwan.
Autor Ian McEwan | Adaptação Luísa Santos Costa | Instalação Teatral Rui Madeira, Alberto Péssimo | Figurinos Sílvia Alves | Desenho de Luz Fred Rompante | Criação de ambiente sonoro Pedro Pinto | Atores Rui Madeira, Carlos Feio | Criação gráfica Carlos Sampaio | Fotografia de cena Paulo Nogueira
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