09/05/08

OS LUSÍADAS vistos pelo encenador


OS LUSÍADAS são um produto do génio e do tempo em que foram escritos. A primeira coisa que tentámos fazer foi transformar o texto numa forma visual, de modo a separar esses dois níveis. Ou seja: o importante não é AQUILO que acontece mas COMO é que acontece.

A principal situação inscrita no poema é uma VIAGEM, um trajecto, um estado de trânsito. O texto contém outras situações que HOJE têm um impacto menor. Nos nossos dias o oceano é comparável ao espaço sideral e a verdade é que sabemos quase tudo acerca da colonização, etc.

A questão é QUEM escreveu esta viagem, quem está dentro do poema. Luís de Camões viveu e morreu como um cão. Solitário. Pobre. Uns escassos 56 anos de vida. A ele devemos o texto. A ele devemos uma nacionalidade. Camões usou palavras maravilhosas para criar o corpo espiritual de uma nação.

O terceiro nível dos Lusíadas é um imenso conhecimento secreto. Camões escreveu centenas de páginas recheadas de nomes como Júpiter, Vénus, Andrómeda, etc. Para quê? Para quê tanta artilharia mitológica? Deuses, planetas, heróis, criminosos e perdedores faziam parte da sua intimidade.

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