07/11/08

Sobre o autor


Em nítido contraste com a personalidade atraente do seu contemporâneo Sófocles, Eurípides era (parece) um homem solitário com fama de misógino – um homem contemplativo e controverso. Com polémicas sucessivas com os sofistas, cujo estilo estava em voga na época, Eurípides ignorou a intriga política e social em que os cosmopolitas atenienses se deliciavam e procurou refúgio na literatura e no pensamento. Refugia-se numa caverna em Salamina onde tinha uma impressionante biblioteca e leva uma vida contemplativa entre o céu e o mar.

Nasceu na ilha de Salamina, por volta de 484 a.C.. Uma lenda dá-o como nascido no dia em que os Atenienses derrotaram os Persas na batalha de Salamina e terá morrido em Pela, por volta de 404 ou 406 a.C., pouco antes de Atenas, vencida da guerra do Peloponeso, ver estabelecido o governo do Trinta Tiranos. O seu cenotáfio perto do Pireu teria sido atingido por um raio, o que alguns consideram um sinal adequado a um ateu, enquanto outros vêem no facto uma marca a favor de Zeus.
Cinco anos depois escreve Sófocles a sua última tragédia, Édipo em Colono, mas podemos considerar AS BACANTES a obra que marca o termo do extraordinário ciclo da cultura helénica que foi a poesia dramática.

Eurípides ganhou a reputação de ser o mais trágico dos escritores trágicos, fazendo mais apelo aos sentimentos humanos do que ao sentimento religioso. Não teve em conta a paixão sexual como causadora das tristezas humanas (bem pelo contrário, em AS Bacantes). Mesmo assim, a sua visão das motivações humanas mostra uma simpatia que até Sófocles aplaudiu. No entanto, Eurípides revela-se um problema para os críticos. Alguns têm-no considerado uma espécie de romântico de nova vaga; outros têm-se pronunciado pelo realismo com que retrata as fraquezas humanas, como a cobardia e o ciúme; outros têm-no acusado de um pacifismo ardente, provavelmente a pílula mais difícil de engolir para os Atenienses

As Bacantes trazem à cena o mito de Diónisos, cujo culto se difundira por toda a Grécia, embora provavelmente de origem asiática. A religião Dionisíaca consegue grande popularidade sobretudo entre as populações rurais e nas cidades do interior montanhoso. É a religião da exuberância, da fecundidade fálica, da celebração do vinho e dos seus efeitos extáticos. Há nitidamente um conflito entre estas formas religiosas, secretas, orgíacas e a religião oficial grega.

Diónisos não é o divertido e rubicundo Baco que nos aparece mais tarde na eclética e superficial religião romana; o deus grego não é o simples orago das campesinas celebrações das colheitas vinícolas.
O Dionisismo representa uma força destruidora e o vinho preverte com os seus efeitos delirantes a Ordem, o Equilíbrio, a Virtude da comunidade urbana que tem por modelo Atenas.

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