29/06/10

O corte de 10% nos contratos do Ministério da Cultura


PLATAFORMA DAS COMPANHIAS

A Escola da Noite (Coimbra) . ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve . CENDREV – Centro Dramático de Évora . Companhia de Teatro de Braga . Teatro das Beiras . Teatro do Montemuro


O corte de 10% nos contratos do Ministério da Cultura

O Governo decidiu cortar em 10%, para o ano de 2010, todos os financiamentos à criação artística que resultam dos contratos assinados entre o Ministério da Cultura e os agentes culturais.

Trata-se, nas palavras da própria Ministra, que o aceita e justifica, de um “corte cego”, indiferente à altura do ano em que é anunciado, ao grau de execução das actividades a que os criadores se haviam comprometido com o Governo, e às diferentes realidades – estruturais, organizativas, em matéria de responsabilidades e encargos assumidos – que o Ministério da Cultura teria obrigação de conhecer e de distinguir entre aquilo que designa por “artistas independentes”. A notícia deste corte veio encontrar reunidas em Coimbra, no Festival que anualmente organizam, as seis companhias de teatro profissional que integram a Plataforma das Companhias, uma estrutura informal de intercâmbio, debate e reflexão.

No seu conjunto, estas seis companhias empregam nos seus quadros, em permanência, mais de uma centena de pessoas – têm, em média, 17 colaboradores permanentes. Todas são financiadas pelo Ministério da Cultura, ao abrigo de contratos pluri-anuais que resultam de candidaturas aprovadas por júris nomeados pela Direcção-Geral das Artes, com valores que variam entre os 200 e os 320 mil Euros/ano. Este corte significará uma perda entre os 20 e os 32 mil Euros nas receitas previstas até ao final do ano, que inevitavelmente se reflectirá em perda de postos de trabalho, em cancelamento de produções e em paralisação da actividade. Falamos de estruturas profissionais organizadas, com custos permanentes e responsabilidade social: salários, segurança social, contratos com fornecedores já celebrados, etc.

Perante tão sérias consequências e após rasgar os contratos que connosco assinara, a Ministra pede-nos, num e-mail enviado no passado sábado, “solidariedade” com o “esforço nacional”. Reconhece as “dificuldades endémicas associadas a esta área”, “lamenta” a situação e manifesta-nos a sua própria “solidariedade”.

No âmbito da Plataforma das Companhias e noutros foruns de discussão, estas seis companhias vêm desde há muito chamando a atenção dos sucessivos Governos, Ministros da Cultura e Directores-Gerais para as tais “dificuldades endémicas” do sector. A primeira das quais – a falta de financiamento público – foi aliás reconhecida pelo Primeiro- Ministro José Sócrates. Em campanha eleitoral, é certo. Em campanha eleitoral, ainda por cima – naquela altura em que é suposto os governantes assumirem compromissos com os eleitores e clarificarem o que se propõem fazer.

Em vários documentos publicados e enviados aos titulares de cargos com responsabilidades na definição e na concretização de políticas culturais, temos apresentado propostas concretas para a definição de uma estratégia nacional neste domínio, capaz de dotar o sector de uma sustentabilidade mínima, que lhe permitisse funcionar devidamente em alturas normais e sobreviver a uma situação de crise, como a que actualmente atravessamos. Propostas que visavam a racionalidade na distribuição dos dinheiros públicos, a consolidação das estruturas de criação existentes, a criação de condições para uma circulação regular dos espectáculos financiados pelo Estado, a existência de apoios mínimos para a internacionalização, a regulamentação do estatuto profissional dos artistas, um real incentivo ao mecenato cultural, a complementaridade entre o investimento público nacional e os fundos comunitários, a definição de um quadro que regulasse a articulação entre Estado Central e autarquias, entre outros.

Todos estes contributos foram sendo ignorados e continuamos até hoje com a mais perversa das formas de política cultural: a que promove uma espécie de assistencialismo aos tais “artistas independentes” com os quais a Ministra agora se solidariza. Uma “política cultural” que convive de forma acrítica, resignada e cúmplice com o mais feroz ataque feito pelo Estado à criação artística nacional nas últimas décadas.

Nas “explicações” que procura dar aos agentes culturais, a Ministra deixa claro a forma como pensa o sector: um conjunto de projectos avulsos, que se fazem ou não se fazem consoante haja dinheiro, ou que podem dimensionar-se e redimensionar-se, de um momento para o outro, ao sabor da disponibilidade orçamental que o Governo decide ter. É a permanência desta maneira de encarar a criação artística, que o Ministério da Cultura tem estimulado em vez de contrariar, que permite a um Ministro das Finanças tomar decisões tão danosas e arbitrárias como esta.

Recusamo-nos a aceitar a desculpa da crise. Todos sabemos que as verbas que agora nos pretendem retirar – aquelas de que depende a nossa sobrevivência – são, no conjunto do défice, verbas irrisórias que nada resolvem. Além disso, ao longo dos últimos anos, o orçamento dedicado à cultura vem sofrendo sucessivos cortes, ao arrepio dos discursos e dos anúncios oficiais e dos programas eleitorais e de governo apresentados pelos responsáveis políticos. As referências às “medidas similares” na “maioria dos outros países da Europa dos 27”, com as quais a Ministra tenta atenuar o impacto deste corte, são por isso deslocadas: esquecem que o investimento feito em anos anteriores e a solidez do sector (incluindo a protecção social aos trabalhadores afectados pela crise) são radicalmente diferentes. Não podemos pretender ser europeus nos cortes quando não o somos nos orçamentos.

Assumimos naturalmente as nossas responsabilidades e desejamos contribuir para o combate à crise. Sabemos, até, que temos um papel importante a desempenhar, enquanto criadores, na construção de uma sociedade mais culta, mais esclarecida, mais cosmopolita, mais solidária, mais justa, mais humana. Mas recusamo-nos, por isso mesmo, a servir de pretexto para oportunismos cínicos ou de areia atirada para os olhos da opinião pública por responsáveis políticos que parecem mais interessados em assegurar o seu próprio lugar do que em cumprir as funções para as quais foram nomeados.

As companhias de teatro profissional financiadas pelo Estado ao abrigo de contratos pluri-anuais, entre as quais se encontram estas seis estruturas, representam a esmagadora maioria do teatro que é feito em Portugal. É através delas que o Estado assegura, em complemento ao trabalho feito pelos dois Teatros Nacionais, a prestação do serviço público de criação teatral. Colocar em risco a sua sobrevivência e condená-las a um sufoco ainda maior do que aquele em que já vivem é ameaçar todo o sistema teatral português. Fazê-lo desta forma, quebrando compromissos assumidos em contratos (na base dos quais elas assumiram encargos e responsabilidades com pessoas e entidades terceiras) é mais do que uma irresponsabilidade. É a demonstração evidente de que a actividade de criação artística é, para este Governo, algo que o país pode dispensar.

Não aceitamos esta “inevitabilidade”. E expressamos, apesar do contexto adverso em que o Governo insiste em colocar-nos, a nossa disponibilidade para debater com o Ministério as nossas propostas, tanto no que diz respeito à estruturação do tecido teatral e do sistema de financiamento da criação artística, como na procura de outras soluções para lidar com a crise que não sejam estes cortes “cegos”.

Coimbra, 28 de Junho de 2010.

A Escola da Noite (Coimbra)
ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve
CENDREV – Centro Dramático de Évora
Companhia de Teatro de Braga
Teatro das Beiras (Covilhã)
Teatro do Montemuro (Campo Benfeito, Castro Daire)

28/06/10

Projecto BragaCult



O BragaCult tem blogue próprio. Para saber mais sobre o projecto e as acções que se vão realizar visite:

15/06/10

IV Festival das Companhias

 22 a 27 de Junho
Coimbra

Co-produções entre a Companhia de Teatro de Braga e A Escola da Noite no primeiro e último dias do IV Festival das Companhias, que se realiza, este ano, em Coimbra, sob a organização d’A Escola da Noite.
Fonseca, o terceiro espectáculo da Trilogia 1José 2Rubem 3Fonseca, a partir de contos de Rubem Fonseca, tem honras de abertura, dia 22 de Junho (21h30), ficando o encerramento, no dia 27 de Junho (21h30), a cabo de Sabina Freire, de Manoel Teixeira-Gomes.

O Festival das Companhias é uma iniciativa de seis estruturas profissionais de criação teatral sediadas fora dos dois principais centros urbanos do país: A Escola da Noite (Coimbra), ACTA (Algarve), CENDREV (Évora), Companhia de Teatro de Braga, Teatro das Beiras (Covilhã) e Teatro de Montemuro (Campo Benfeito, Castro Daire). Reunidas desde 2004 na Plataforma das Companhias, estas estruturas têm aprofundado relações de inter-conhecimento e de colaboração, através de reuniões regulares para discutir assuntos de interesse comum, do estabelecimento de intercâmbios e de redes de circulação de espectáculos, da concretização de co-produções e da organização deste Festival, que passou já por Faro (2005), Braga (2008) e Campo Benfeito, Castro Daire e Lamego (2009).

Para além dos espectáculos das companhias envolvidas, o programa desta IV edição inclui, também, várias iniciativas de debate, a realização de uma feira do livro de teatro no Teatro da Cerca de São Bernardo, ao longo de toda a semana, e conversas entre artistas e espectadores no final de cada espectáculo.


O IV Festival das Companhias tem espaço próprio na blogosfera e pode ser visitado aqui.


Programa completo:

Terça-feira, 22 de Junho
15h00 Sessão de abertura TCSBar
21h30 Fonseca de Rubem Fonseca A Escola da Noite / Companhia de Teatro de Braga TCSB 2h00 > M/16 > 6 a 10,00 Euros
23h30 Conversa com o público A Escola da Noite / Companhia de Teatro de Braga TCSBar entrada livre

Quarta-feira, 23 de Junho
18h00 Mesa-redonda: Edição teatral e dramaturgia contemporânea em Portugal: o contributo das companhias Livraria Almedina Estádio entrada livre
22h00 Cirineu de Fernando Paulouro Teatro das Beiras Pátio da Inquisição [espectáculo ao ar livre] 1h25 > M/12 > entrada livre


Quinta-feira, 24 de Junho
15h00 Mesa-redonda: A criação artística nas cidades médias com a participação dos/as vereadores/as da cultura e dos directores/as regionais da cultura abrangidos pela Plataforma Casa Municipal da Cultura – Sala Sá de Miranda entrada livre
21h30 O Fim de António Patrício Centro Dramático de Évora TCSB 1h05 > M/12 > 6 a 10,00 Euros
22h45 Conversa com o público Centro Dramático de Évora TCSBar entrada livre


Sexta-feira, 25 de Junho
10h00 Debate: O sistema teatral português: financiamento e circulação da criação artística com representantes do Ministério da Cultura, da CCDRC e de estruturas públicas de programação teatral TCSB entrada livre
22h00 Presos por uma corrente de ar Teatro de Montemuro Pátio da Inquisição [espectáculo ao ar livre] 1h00 > P/ todos > entrada livre


Sábado, 26 de Junho
10h30 Mesa-redonda: As companhias e os seus públicos: estratégias de comunicação e de circulação de espectáculos com a participação de representantes das seis companhias da Plataforma TCSBar entrada livre
15h00 Mesa-redonda: Trabalhar em parceria: co-produções, intercâmbio e mobilidade entre companhias com a participação de representantes das seis companhias da Plataforma TCSB (Bar) entrada livre
21h30 George Dandin de Molière ACTA – Companhia de Teatro do Algarve TCSB 1h15 > M/12 > 6 a 10,00 Euros
22h45 Conversa com o público ACTA – Companhia de Teatro do Algarve TCSBar entrada livre


Domingo, 27 de Junho
21h30 Sabina Freire de Manoel Teixeira-Gomes Companhia de Teatro de Braga / A Escola da Noite TCSB 2h00 > M/12 > 6 a 10,00 Euros
23h30 Conversa com o público Companhia de Teatro de Braga / A Escola da Noite TCSBar entrada livre


22 a 27 de Junho
Feira do livro de teatro TCSB 10h00 - 24h00

04/06/10

Projecto BragaCult



BragaCult
projecto de intervenção cultural
no núcleo histórico e urbano de braga


A Companhia de Teatro de Braga apresentou, em conferência de imprensa, o Projecto BragaCult, programa que visa a revitalização cultural da zona histórica e urbana da cidade, a partir de novas propostas e dinâmicas que, de modo sustentado, garantam a participação activa das populações, na busca de melhores públicos e mais qualificada cidadania.

O Projecto BragaCult está inserido nas parcerias para a Regeneração Urbana do Centro Histórico de Braga e Regeneração Urbana do Rio Este, co-financiado pelo “ON.2 – O NOVO NORTE” e QREN através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e a Câmara Municipal de Braga, no valor global de 304.350,00€.

Em colaboração com as estruturas e instituições existentes, o Projecto BragaCult irá desenvolver um trabalho de longa duração com os habitantes das respectivas zonas, para tal foram criadas uma série de oficinas que vão desde Oficinas de Imaginação nos ATL ou fora; de Experimentação, sobre várias áreas e saberes como Construção de Instrumentos e Orquestra a partir do lixo; de Escrita; de Criação Vídeo; de Criação Sonora; etc. E outras mais viradas para a área escola, o teatro escolar e a formação nalgumas áreas técnicas da comunicação (professores).

Junto da população mais idosas e partindo dos Centros de Dia, de outras instituições ou grupos, o  BragaCult incidirá sobre a Memória e a Rememoração dos Sentidos e da Vida, levando os habitantes dos vários quarteirões à redescoberta da memória e da história do Lugar, do Prazer de Viver, ao sentido de pertença e a dar Testemunho escrito, oral e físico da (sua) história.  

Para pessoas do 8 aos 80 anos, sensibilizando-as através de novas práticas para a importância da dinâmica Cultural no viver social, pretende-se, assim, criar hábitos culturais e práticas de fruição em zonas particulares da cidade.

As inscrições para as diferentes oficinas já estão abertas e podem ser feitas aqui.

01/06/10

Shakespeare no Theatro Circo



Troilo e Créssida
de William Shakespeare

co-produção CTB – Companhia de Teatro de Braga, CTA – Companhia de Teatro de Almada e ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve

3 a 5 de Junho – 21h30
Sala Principal do Theatro Circo


Sinopse:
A acção passa-se em Tróia junto às muralhas da cidade, onde os reis gregos montaram acampamento, decididos a vingar a honra de um deles – Menelau, rei de Esparta – a quem o troiano Paris raptou Helena, sua mulher. A guerra de Tróia eterniza-se. Os chefes gregos perdem-se em querelas pessoais e em discussões estéreis. Em Tróia – cercada –, a vida continua.

Personagens troianas: Príamo, rei de Tróia, e seus filhos Heitor, Troilo, Páris; Eneias, um príncipe, e Pândaro, tio de Créssida; Andrómaca, mulher de Heitor, Cassandra, filha de Príamo, e Créssida, filha de Calcas, que embora se trate de um sacerdote troiano, traiu a pátria e juntou-se ao acampamento grego.

Personagens gregas: Helena, a viver em Tróia; Agamémnon, general grego e chefe da expedição de ataque a Tróia; Menelau, irmão de Agamémnon, Aquiles, rei dos Mirmidões; Ájax, um príncipe. Ainda outros generais gregos – Ulisses, Nestor e Diomedes –, Pátrocolo, amante de Aquiles, e Térsito, «um grego disforme e ignóbil».

Troilo, filho do Rei Príamo, ama Créssida, cujo pai, Calcas, se passou para o campo grego. Créssida vive com o seu tio Pândaro, que a faz encontrar-se com Troilo. Mas Calcas persuade Agamémnon a trocar a sua filha por um prisioneiro troiano. O grego Diomedes irá buscar Créssida e levá-la para o campo dos gregos. Troilo aproveita uma trégua para visitar Créssida e vai encontrá-la nos braços de Diomedes. A peça termina com a morte ignóbil de Heitor, antecipando-se a queda próxima de Tróia.


Ficha técnica e artística:
Texto: William Shakespeare
Encenação: Joaquim Benite com José Martins
Tradução: António Conde
Cenário e Figurinos: Christian Rätz
Colaboração Cenográfica (cortejo): Gonçalo Marto
Desenho de Luz: José Carlos Nascimento
Som: Guilherme Frazão
Penteados: Miguel Moleno
Esgrima Artística/Combate Cénico: Carlos Pereira
Colaboração Coreográfica: Jean Paul Bucchieri
Assistência de Cenografia: Joana Ferrão
Assistente de Encenação: Rodrigo Francisco e Teresa Gafeira
Elenco: André Laires; Jaime Soares; Mónica Lara (actores da CTB); Alberto Quaresma, André Albuquerque, André Gomes, André Silva, Carlos Pereira, Carlos Santos, Celestino Silva, Ivo Alexandre, João Abel, Luís Vicente, Luzia Paramés, Manuel Mendonça, Maria Frade, Mário Spencer, Marques d’Arede, Miguel Martins, Tânia Silva


Bilhetes: 12€ (desconto de 50%: estudantes, reformados e protocolos)
M/12