20/11/13


"Sonhos Lúcidos - Do Deserto de Thar aos Himalaias”
28 de Novembro | 21h45
Theatro Circo [pequeno auditório] | Braga


No dia 28 de Novembro será apresentado no Theatro Circo, "Sonhos Lúcidos - Do Deserto de Thar aos Himalaias”, um projeto multimédia, que resulta de uma viagem realizada este ano à Índia e ao Nepal, por João Campos e Fernando Almeida. A apresentação deste projeto de fotografia e vídeo tem a duração de 70 minutos, sendo que, no final terá lugar uma pequena conversa com os autores do trabalho. O evento é aberto ao público em geral através de um bilhete convite levantado na bilheteira do Theatro Circo.

+ info 253 203 800

Mário Robalo (jornalista do Expresso) escreveu sobre este trabalho..

"Olhar os olhares – viajar na Índia

Olhares que desvelam quotidianos inocentes e místicos… Olhares que convivem entre uma ancestralidade pacata e uma desordenada modernidade – a adolescente que, na singeleza de um abraço, aconchega o seu animal estimado não se concilia com o trânsito caótico atravancado pela imensidão de lojas empilhadas de anúncios.

“Sonhos Lúcidos – Do Deserto de Thar aos Himalaias” não é um exercício ficcionista sobre a Índia; atravessa a realidade privilegiando os rostos. Aqui o tempo da humanidade escoa por entre sobrevivências povoadas de divindades com mais de 10 milénios de história. Do Thar, o grande deserto indiano, os passos dos viajantes conduzem-nos à singeleza de um casario, tão incomensurável como a magnificência arquitetónica dos templos. É por aqui que se inicia um percurso que nos introduz os rostos que dão sentido a tudo o que os envolve – Que reflexão faz o barbeiro, dirigindo o olhar para o interior da sua loja, cuja entrada nos remete para a decoração de um pequeno santuário? Que alegria preenche aquele músico de turbante, acompanhado pela policromia das vozes e das vestes femininas?

Agora é o nosso olhar que é conduzido para a transfiguração da vida pelo inseparável sagrado, porque o viver é ordenado por sucessivos nascimentos e mortes, em incontáveis renascimentos até se atingir a perfeição. Soltam-se representações das divindades, envoltas por cantos salmodiados… E se o Taj Mahal – “lágrima solitária suspensa na face do tempo”, como nos é recordado pelas palavras de Rabindranath Tagore – nos transfere para a vertigem urbana, onde se mistura um cortejo de líderes espirituais, é para o Ganges que “Sonhos Lúcidos – Do Deserto de Thar aos Himalaias” nos conduz: dos banhos de purificação à nudez dos ascetas cobertos de cinza, até culminar na festa em honra do deus Shiva, que se diz ter fundado a cidade de Benares, que agora o honra. De novo, somos despertados para os olhares devocionais que se fixam nos rituais dedicados ao deus que converteu o Ganges de um rio revolto num caudal suave – a água que jorra dos cabelos de Shiva simboliza este prodígio… Do incenso, do colorido das flores e das vestes dos celebrantes e do esplendor do fogo, os viajantes transportam-nos ao silêncio dos Himalaias, “morada dos deuses” e lugar de origem do Ganges…

“Sonhos Lúcidos – Do Deserto de Thar aos Himalaias” torna-nos transparente aquilo que o marketing turístico não consegue captar. Tem o mérito de ser uma proposta para uma renovação do nosso olhar sobre uma Índia onde o sagrado ainda enforma o profano, não permitindo que os olhares se percam nas inutilidades do quotidiano."

Mário Robalo



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