12/09/16

CTB traz de volta "Um Picasso" ao Theatro Circo

Em 1937, Pablo Picasso pintou “Guernica”. O quadro foi inspirado pela brutal destruição da pequena cidade espanhola, que o líder fascista Francisco Franco permitiu que os nazis usassem para treinar bombardeamentos. O quadro é visto como uma obra-prima na qual são mostrados os horrores da guerra, não obstante, durante grande parte da sua carreira, Picasso ter procurado distanciar-se da política. Quando os nazis ocuparam Paris, em 1940, o pintor permaneceu na cidade. Em Um Picasso, Jeffrey Hatcher oferece-nos uma provocativa especulação teatral em como o famoso pintor terá interagido com o regime nazi e, simultaneamente, explora as questões da inspiração artística e censura.

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Guernica de Pablo Picasso
A Companhia de Teatro de Braga estreou Um Picasso a 2 de maio de 2014. A encenação foi de Eduardo Tolentino Mendonça e a tradução de Brian Head. Inicialmente protagonizado por Ana Bustorff e Rui Madeira.

Rui Madeira e Solange Sá voltam ao pequeno auditório do Theatro Circo para mais três espetáculos da 122ª produção da CTB, de 13 a 15 de setembro, às 21h30.

sinopse
Paris ocupada pelos alemães. A Gestapo “quer” uma obra de Picasso para uma “vernissage”. Picasso, é levado para um bunker, onde conhece uma atraente loura que está ali em missão secreta: obter a autenticação de Picasso em, pelo menos, um de três auto-retratos do artista. Pretende incluir Picasso numa vernissage com obras de Klee, Miró e Leger. Depois de uma apaixonante esgrima verbal entre o artista e a agente, Picasso acaba por assumir os três desenhos, de diferentes períodos da sua vida. Feliz pela missão cumprida e pelo desenrolar da relação entre eles, Fraulein Ficher convida Picasso a sair dali com ela e o pintor indaga onde e quando ocorrerá a exposição? Pela resposta evasiva percebe que se trata afinal de uma manifestação nazi onde se queimarão obras de “arte degenerada”. A reacção de Picasso é violenta, passando a negar a autenticidade dos desenhos, com a agente a exigir uma justificação mais plausível. Picasso satisfaz com argumentos a exigência e deixa a loura sem o objectivo final da sua visita: uma obra autenticada. Depois de mais uma luta verbal intensa e estimulante, o artista começa a desenhar a própria Fraulein, continuando o jogo de sedução entre eles. Picasso acaba por destruir o retrato e tenta violá-la. Na luta, ela cospe-lhe no rosto e ele volta ao desenho para tentar captar a raiva da mulher, incentivando-a a despir-se…
Rui Madeira

Fraulein Fischer - Porquê? O que há nesse quadro...? (Picasso percebe que ela está a procurar algo.) Nós tínhamos acordo para um Picasso. O señor parece incapaz de escolher, de forma que vou eu escolher por si. (Apanha o primeiro quadro.) A menina. Não. seria triste a vê-la ser queimada.Poderá provocar uma reação indesejável entre os espetadores. (Apanha o segundo.) A Barba por fazer. Demasiado patético. Muito óbvio. E nenhum destes é suficientemente «degenerado». (Apanha o terceiro.) Mas a mistura absurda. Siiim! Obviamente de Picasso, obviamente repugnante, vulgar, pornográfica. O señor afirma ter feito este há uns três ou quatro anos.


Arte degenerada é a tradução em português do alemão entartete Kunst, termo utilizado pelo regime nazi para descrever virtualmente toda a arte moderna. Tal arte foi banida com base de que era não-germânica ou de natureza "judia-bolchevique", e aqueles identificados como artistas degenerados estavam sujeitos a sanções. Estas incluíam ser despedido da docência, ser proibido de exibir ou vender a própria arte e, em alguns casos, ser proibido inteiramente de produzir arte.

Rui Madeira e Solange Sá em Um Picasso de Jeffrey Hatcher (fotografia: Paulo Nogueira)

Ficha artística
Autor Jeffrey Hatcher
Tradução Brian Head
Encenação Eduardo Tolentino*
Elenco Rui Madeira, Ana Bustorff/Solange Sá
Cenografia pintor Alberto Péssimo, Arqtº Jorge Gonçalves
Figurinos Sílvia Alves
Ambiente sonoro Pedro Pinto**
Criação vídeo Frederico Bustorff**
Desenho de luz António Simón
Design gráfico e fotografia Paulo Nogueira
*Diretor do Grupo TAPA, fundado em 1979 no Rio de Janeiro.
**Centro de Criação de Vídeo e de Som RODAVIVA.

ficha técnica
diretor de montagem Fernando Gomes*
técnico de som e vídeo João Chelo
técnico de operação de luz Vicente Magalhães*
costureira Celeste Gomes
*Theatro Circo

informação sobre o espetáculo
duração do espetáculo 60 minutos sem intervalo (aprox.)
classificação etária maiores de 12 anos
preços 10€ | 5€ (protocolos, estudantes e reformados)


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